Fazer para Deus/Fazer para o homem

[Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (João 13:35)]

Num surto, dotada de uma mescla de "poder e autoridade"¹, a irmã que estava posicionada ao lado do garoto de 18 anos, conhecido popularmente como seminarista, pronunciava repetidamente a frase imersa em uma boa dose de tom violento, característica deste pensamento ocidental cristão: "- ... Tem que fazer é pra Deus né pra homem não! Eu!? Fazer coisa pra homem? Eu mesmo não! É pra Deus que importa! (...)"

O pregador matutino levanta-se, vai em direção a simples base para sua Bíblia e começa a sua fala com a (des)agradável mensagem sobre o Amor. As mãos frias e apertadas entravam em sincronia com o olhar aflito, repleto de ansiedade, que era aguçado pelas gotas de suor por cima da sobrancelha. Seus sentidos lutavam todos contra a hipótese mal raciocinada de seu discurso sobre o Amor. Por duas ou três vezes passou-se por sua cabeça situações trágicas de mártires e profetas que morreram apedrejados, incinerados e empalados por falarem sobre a mesma coisa.
Aquela que pronunciara o preâmbulo de imposição, posicionara-se agora a sua frente, o que colaborou para uma respiração mais profunda antes de desejar Paz para o recinto. Abriu-se o livro, iniciou-se a mensagem, e desde aquele momento até os últimos vinte e cinco minutos, a senhora balançou compulssivamente a cabeça em sinal de concordância. Isso até, numa atitude corajosa, o pregador propor uma nova atitude à congregação: O fazer pro homem.

Ontem, o seminarista recebeu trinta e sete ligações, todas de questionamentos frustrados, vinte e duas da mesma pessoa, todas com o mesmo argumento: O importante é fazer para Deus.

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¹ Piff!
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