Eu Nietzsche vamos ao culto - parte 3 (Amém ¬¬)


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Manter Friedrich num ambiente assumidamente cristão foi mais fácil do que eu pensei, em compensação ainda me sentia confuso, na verdade nem me lembro mais o porque o quis levar à minha igreja.
A última música foi cantada e eu desci as escadas para tomar um pouca de água. O grande momento chegara, a exibição hermenêutica do texto bíblico conforme a compreensão do pastor¹, e como todo bom cristão, aquietei-me e coloquei a minha bíblia sobre meu colo, esperando ansiosamente pela referência que seria utilizada. Olhei para o lado. Ele não estava lá. Será que me seguira? Fugiu? Olhei ao meu redor, não avistei ninguém com bigodes extravagantes. Apesar do templo ser razoavelmente grande, creio eu que conseguiria visualizar com facilidade um ser de bigodes tão antiquados. O que me surpreendeu porém, é que Nietzsche estava voltando para o seu lugar através do corredor lateral.
Após olhar as horas no seu relógio de bolso, e verificar sua abotoadeira, Nietzsche simpáticamente elogiou meu pastor, caracterizando-o como uma pessoa gentil, acrescentando porém que para ele era necessário um pouco mais de leitura filosófica ao som de Bach. [Uma semana depois soube que meu querido pastor havia chamado Nietzsche a frente, para lhe dar as boas vindas, como visitante ilustre.] Continuando sem reação, respondi a sua fala com um leve sorriso e olhamos todos para frente mediante o saudoso cumprimento do pregador, quando uma queda de energia fez algumas senhoras murmurarem e uma pequena criança, com o susto, chorar. Apesar de não demorar 7 segundos sem luz todos ficaram apreensivos e demoraram a concentrar-se novamente. Com pouco mais de quinze minutos de pregação do conhecido discurso de Jesus sobre a magnitude do Amor, junto ao plano de salvação, uma nova queda de energia aconteceu. Na verdade não era só uma queda de energia..., era estranho. Uma sensação incômoda tomou conta de mim. Maus pressentimentos surgiram junto com uma forte pontada na cabeça. Tudo estava escuro. Não podia enxergar minha mão diante de mim. Me levantei na tentativa de procurar ajuda, ou saber o que deveríamos fazer, e recebi uma forte pancada na testa. Senti o líquido quente escorrer pela minha sobrancelha. Não entendia o que estava acontecendo. Gritos de dor ao fundo me conduziram subitamente ao desespero. Gritei por ajuda. Gritei pelo pastor. E de plena escuridão o cenário passou a flashs contínuos, como se estivesse piscando os olhos rapidamente diante da luz do sol, então pude ver o espectro de Nietzsche em direção ao pulpito ...................., socar o meu pastor........................, e... fantasmogoricamente "entrar" no seu corpo, não como num desses infantis filmes de terror envolvendo fantasmas, mas violentamente, rasgando peito e traquéia e posicionando por cima dele até assumir totalmente o seu corpo.
...Mais um grito...
Uma sensação prévia de desmaio. Fiquei tonto. Caí de joelhos.
E num passe mágico, ou sei lá o quê, estava eu sentado no meu lugar, com minha Bíblia no colo, todos acomodados, templo iluminado, ventiladores ligados, e... e o pastor pronunciando: "Que o futuro e o remoto sejam a causa de teu hoje. Em teu amigo ama o super-homem como tua origem. Meus irmãos, eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao longínquo."
oO! Meu Deus... isso.. isso, era uma frase de Nietzsche, na verdade, de Zaratustra...
Sim, tinha sido real... era...
E antes que conclui-se o pensamento, uma nova batida na cebeça, uma nova tontura... e tudo escureceu.

Acordei num salto, estava no meu quarto, um sonho? olhei para o relógio, 8:45 da manhã, era um domingo, estava suado, mãos trêmulas... e não me contive...

[... o fim só na outra parte ...]




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oO" Medo tb...
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¹ Popularmente conhecida como, pregação.
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Até eu tô louco pra saber o final! oO!
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¬¬ não... eu não uso drogas... ¬¬


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12 comentários - Comente tb... É SÓ CLICAR!:

Alexandre Devereaux disse...

nem sei mais se isso é uma crônica.
Acho q já virou conto...
Tomara que Marcos, Ana ou Kel passe por aqui e me explique...rs

Rafael de Queiroz Torres disse...

venho acompanhando desde o primeiro episódio desta belíssima ilustração e estou ansioso pelo último capítulo! Parabéns alê!!

Alexandre Devereaux disse...

ê... brigado Rafa!

Márcia disse...

Alê...
q texto viu...
olha, desde o primeiro texo q eu li q venho esperando anciosa pelo desfecho...
e hoje vc conseguiu aumentar a minha expectativa viu...
pra quando sai a última parte mesmo????
ta muito bommm...
vc é demais viu...
bjinhus...

Kalleu Natividade disse...

Eu já ia perguntar o que você fumou, bebeu, tomou, cheirou, aplicou e ingeriu...
Muito bom, bom mesmo, tô adorando... super curioso... Vem cá...

É impressão minha ou seu conto criou vida própria? *-* adoro isso... minha novela nem começou direito e já está mandando em mim... kkk

Clécio Carvalho disse...

veio é o seguinte eu não tenho palavras pra expressar, dizer, falar, pronunciar...(redundâncias)o que estou sentindo diante deste texto... sabe de uma coisa, VC É LOUCO, e isto é o que me encanta na forma como vc escreve. parabéns e como todos ja disseram eu tbm estou ansioso pelo ultimo ou quem sabe só um próximo capitulo.... valeu.

Alexandre Devereaux disse...

Obrigado a todos pela atenção em ler. Marcinha, Le-u, e Clécio, vcs são a minha fonte de cobrança, por isso os textos tem saído, o final não vai demorar não... aguradem.

À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse...

Ufa!
De tirar o meu fôlego...
Fiquei com gosto de quero maais!
PARABÉNS \o/

Alexandre Devereaux disse...

Rapaz.. receber elogios de vc Ana, é lisonjeio de mais, portanto, que chegue logo a próxima parte...rsrs

Marcos Fellipe disse...

Ahhhh!! Blz de loucura nitiana... Bem que me disseram que ele tinha ficado louco, mas que fazia quem escreve sobre ele enlouquecer tb eu não sabia... rsssss....
Ta massa o conto... Nietzsche numa igreja evangélica?? ouvindo uma pregação de um pastor?? Insano... rsss... tinha q dar nisso... Se o cristianismo protestante da época de Nietzsche foi para ele o maior desastre que ocorreu em toda a história da humanidade, o evangelicalismo brasileiro o mataria fulminantemente de desgosto e tédio... Ta aí... opnei... o fim do conto deveria ser esse... Nietzsche matou o Deus cristão, com raiva a igreja matou Nietzsche de tédio e desgosto fazendo-o participar de um culto... rss... kkkkkkkkkk... Brincadeira...

Daniel de Deus disse...

Não sei se opinião de caloro conta,
mas a historia está boa!!
Kd o resto!!

Alexandre Devereaux disse...

kkk... de fato não conta... por isso espere!

^^